Murillo Camarotto - RECIFE
RECIFE
- Apesar das declarações dos comandantes do PSB em São Paulo, o partido não vai
apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Interlocutores
privilegiados do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), garantem que o
grupo formado por PSB, PPS e Rede Sustentabilidade não vai participar do
palanque tucano no maior colégio eleitoral do país e deverá lançar candidatura
própria.
Irredutível
na oposição à aliança, a ex-ministra Marina Silva (PSB-Rede) convenceu Campos a
desistir do acordo com Alckmin. Ela deve anunciar em fevereiro sua candidatura
à vice-presidente na chapa encabeçada pelo governador de Pernambuco. "É
apenas questão de tempo, de seguirmos os protocolos, mas não há outro nome
senão o de Marina", disse ao Valor um aliado da ex-ministra.
A
mesma fonte rebateu com veemência as declarações do deputado federal Márcio
França (PSB-SP), interessado na aliança com Alckmin, que alfinetou ontem o
grupo de Marina, ao dizer que o Rede Sustentabilidade trouxe apenas 80 novos
integrantes ao PSB, que conta com 232 mil filiados.
"É
ruim fazer esse tipo de comparação. E se a gente disser que Marina tem 20
milhões e votos? Não se pode brincar com a Marina. Sua liderança extrapola os
limites burocráticos do partido", desafiou o aliado da ex-ministra. Tanto
França quanto o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), têm dito que o
apoio a Alckmin já estaria sacramentado.
A
pressão pela aliança com o tucano cresceu após a adesão do PPS ao bloco que
apoiará Campos na corrida ao Palácio do Planalto. O presidente do PPS, deputado
federal Roberto Freire (SP), chegou ao grupo reforçando o coro em defesa da
parceria com o governador tucano. Prevaleceu, no entanto, o discurso da
"nova política", que Campos e Marina desejam personificar.
"São
Paulo é uma referência nacional. Não adianta nada a gente ficar falando de nova
política e fazer diferente em São Paulo, ficando de baixo da asa do PSDB",
disse a fonte, segundo a qual o caminho do grupo em São Paulo será o da
candidatura própria, cujos nomes ainda estão em processo de discussão.
Como
liderança máxima do PSB, Campos tem sido cauteloso em relação às movimentações
da ala pró-Alckmin. Uma pessoa influente no Palácio do Campo das Princesas,
sede do governo de Pernambuco, lembrou que Campos não quer melindrar os
correligionários paulistas, que são peças importantes na interlocução política
no Sudeste. A fonte garante, porém, que é zero a possibilidade de aliança com
tucanos em São Paulo.
Os
defensores do acordo com Alckmin argumentam que a aliança seria benéfica para a
votação de Campos em
São Paulo. Partem do pressuposto de que, com o PSB na chapa,
o governador paulista faria corpo mole na campanha presidencial do companheiro
de partido Aécio Neves. O cenário, segundo a estratégia, pavimentaria a
candidatura de Alckmin ao Planalto em 2018.
"Como
pode a gente, que quer emplacar o discurso da nova política, fazer uma aliança
baseada em puxada de tapete entre companheiros de partido? Isso não poderia dar
certo nunca", finalizou o aliado de Marina, que participa diretamente das
negociações dos palanques para as eleições de outubro.
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